Há um certo mistério na
formação dos grandes escritores, desses cujas obras continuam a ser lidas
depois de muitas gerações ou até mesmo depois de séculos. Creio que a palavra
mistério não é exagerada, porque a formação deles e a produção de seus trabalhos
não podem explicar-se somente pela educação escolar e acadêmica. Os
conhecimentos, tal como são transmitidos nas escolas e universidades, são
normalmente reduzidos a fórmulas mais ou menos simples, de modo que possam ser
comunicados ao máximo número de pessoas, no menor espaço de tempo. Do aluno,
espera-se que seja capaz de dar as respostas certas no dia do exame; do
escritor, uma obra de valor. Em 9 de
fevereiro de 1939, a editora McGraw-Hill encomendou de Eric Voegelin uma
História das Idéias Políticas, que deveria então ser um brevíssimo livro
didático, com cerca de duzentas páginas; mas Voegelin, em algum momento,
concebeu outro plano, e depois de quinze anos, em meio a atrasos e cobranças,
concluiu a sua monumental História das Idéias Políticas, que refletia os mais
recentes avanços da ciência. Deseja-se saber como trabalhavam, de que modo
escreviam, se usavam fichas ou não. Os conselhos de Mortimer Adler e Jean
Guitton são de uma utilidade incalculável pelas excelentes orientações que
oferecem aos que se introduzem no caminho. Porém, depois de todas as
explicações, resta algo que precisa ser desvelado: um assombro, um amor, um
profundo e verdadeiro querer. Trata-se de uma experiência para a qual um
professor pode oferecer certas indicações – ninguém fez isso melhor do que
Antonin Sertillanges em seu A Vida Intelectual –, mas que só pode ser penetrada
por aqueles que fizerem por si mesmos o esforço, a fim de, por meio do
sacrifício voluntário, o único que dá testemunho do amor ao conhecimento, tornarem-se
dignos da recompensa.
Este é um trecho de um texto
que estou escrevendo e que, em breve, será disponibilizado, dentro da
plataforma, aos alunos do curso Introdução à Leitura dos Clássicos. Sujeito à
revisão.
Clique no link para saber mais:
https://www.niltonribeiro.org/introdleituraclassicos
Nilton Ribeiro
(21 de novembro de 2020)
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